quarta-feira, 1 de junho de 2016

Cansado


Cansado...
Posso estar mesmo que ledo,
Pode ser do mesmo lado
Que estar entregue ao lodo,
Que estar estraçalhado -
Tanto faz aqui ser lido.
Quanto mais serei alado!
Escrever me faz escrevido
E me ler, escrivinhado.
Não me importo se ouvido,
Pouco faço se falado.
O que mesmo é sabido
É que eu não morro calado -
Sempre há um estampido,
Mesmo se sinto cansado.
Cansado. Cansado.

Cansado,
Mas me faço refulgente,
Mesmo estando acostumado
De sorrir sem nem ter dente,
Gargalhar sem ter notado
Que levaram-me doente,
Me trouxeram mais curado -
Pois que eu nunca fui descrente
E a fé me fez dourado,
De coroa reluzente
E de halo coroado.

Podem me cansar completo!
Rir de mim, o derrotado!
Me levanto até o teto,
Piso o chão maravilhado.
Sempre sonho e arquiteto
Meu instante aqui traçado.

E mesmo até aqui lido
E mesmo do mesmo lado
Que estar entregue ao lodo,
Ledo entrego o meu corpo
Rindo até de meu estado.
Quero logo estar dormido,
Sempre estando acordado,
No acordo já vencido
De que estou mesmo cansado.

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