sexta-feira, 11 de setembro de 2015

Eu Sei

Eu Sei




Antes de achar Sua Morada,
Mendigo pelas ruas sem teto,
Arquiteto do Nada,
Com paredes me espremendo.
Incômodo de labirinto –
Tento, mas nunca Me sinto,
Só Estou ali a vagar no escuro.

Ao fechar dos olhos, piscar de pálpebras,
Clarão e estrondo: a mente apaga.
Acordo e recordo o acordo.
Sou Eu ali, candelabro aceso,
Ileso, surpreso e sem máculas,
Posto sobre a mesa do Divino,
Banquete, sublime fartura!

É um Casarão de mil cômodos!
Um Caleidoscópio em festa!
Sem mais dor do incômodo,
Sorrio só de pertencer...
A cada aposento, descubro-me lento,
Pleno, atento, alento, bento,
A ver pelos corredores quadros do que Eu já era.
Cada cômodo que abro é uma sala de espera.
Sua Luz me invade a Alma,
Sinto-me Dono também da Casa
E giro, giro, suspiro,
Meu fogo lambe as cortinas sobre os meus olhos!
Danço voando sobre as cinzas,
Meu coração alucina...
Suspendo-me e lá de cima,
Estupendo o Encontro Comigo Mesmo.
Vejo morto o meu passado
E só Me vejo agora em Ti.

Neste terreiro Sagrado,
Sou mais Um Coração Alado,
Fazendo espelhar o cosmos
Na gira-devir do derviche,
Gerando vastos universos
Que se unem ao que já existe.
Tudo é união, derrubaram-se as paredes!
Olho pro céu, vejo redes
De conexão com o Tudo!
Arquiteto o futuro
Ao saber em Mim a Verdade.
Tudo que há assim Me invade,
Nada em Mim é mais o Exílio.
Sou Dono das Estrelas,
Pois delas Sou Filho.
Escrevo Meus versos
Com a Luz do Seu brilho.

Sou Tu, Eu Sei, Eu Sou,

e só sigo o sossego desse Seu Amor.


Ar Khalil