sexta-feira, 17 de março de 2017

Paisagens



Teus braços de sóis
mirando os meus poentes.
Cada vez que morro
volto depois de um tempo mais quente, verão.
Paisagens de areia o vento varre,
a lua nem sabe mais pra onde ir.
Os rios, por sorte, despencam das rochas
e seguem os caminhos que o vento insistir.
Tudo que é bicho se desentoca
quando a meia noite abre a boca a sorrir.


AMADEUS

quarta-feira, 8 de março de 2017

Luz



Quando tudo apenas sorrir
E a semente despertar plena,
Uma luz de cima virá
Preenchendo toda forma de vida.
O que emana é a presença do amor
E os bons sons são os pássaros sendo
E os corações como rios rindo
E a comunhão como ordem natural.
Uma luz virá de nosso peito
Nos abrindo a carne pra vida,
Nos rompendo a barreira esculpida,
Dando luz aos seres de perfeição.
Em potência tudo jorrará,
Virão deuses morar nesse plano.
A harmonia é que reinará.
Aprendendo a ser, ser humano.

Aprendendo a ser, ser humano,
Um segundo valendo mil anos
No abrir dos seus olhos internos,
Num piscar de seus olhos mundanos.
Tanta vida a brotar no caminho,
Todo pássaro fazendo o seu ninho,
Toda flor convidando o inseto
E o brilho no teto de estrelas tinindo.
Quantas falas perdidas ao vento,
Tanto andamos em busca do amor.
Quando for chegado o momento,
Silêncio, atotô!
Entregaremos toda a dor corroída
Inimiga de nossa vida.
Seremos como manhã clara
E a força da Terra brotando o destino.
Uma luz virá do astral
Ensinando a ser, ser divino.




AMADEUS

segunda-feira, 6 de março de 2017

Gruta




Pinga estalactite,
O vidro em séculos derrete,
O continente se racha e viaja centímetros.
O cometa traçante
Pro universo não está se movendo:
É um ponto viajando lento,

Um risco mapeando o espaço infinito.
Lá no céu não tem som,
Só o om, só o Um, vibração.
Fenecer tantos corpos,
Haja tempo, como andamos.
Mas para o tempo, só poeira,
Mais do Todo.
Cada segundo de cada existência de cada ser,
Pó e vida.
Átomo e Terra,
Meras células de um mesmo deus,
A grande tela que a tudo une.


Ganha estalagmite,
O bóson se adensa,
Os terremotos criam novos relevos.
A Terra girando e nós todos parados.
Aquela paisagem que viu tanto sol a morrer
Tem a paciência de se deixar.
Na montanha tem som de vazio,
O espírito do planeta meditando,
O sábio vento lhe visitando,
As estrelas como mapas de nós
- deciframos pó e vida.
Tudo cintila e é múltiplo
Cada coisa faz parte.
O abraço dos mistérios de todos os deuses
Nas caleidoscópicas realidades que temos que desnudar.


AMADEUS

Amor



O amor tem na goela eternidade.
Cada bocejo um espreguiçar no mundo.
Na farândola inebriante,
O ninho dos astros, tudo a girar,

Os lobos uivando à lua sossegada

E tudo na paz de seus postos no estar.
O amor não é fogo,
Não requer oxigênio.
É lava pululando o profundo,
Amalgamando pastos
Em corredeiras de ouro,
Queimando as beiradas,
Aparando as massas,
Solidificando éons de energia -
a terra em flor.
Não necessita o amor de brevidade.
Não cessa, pois que se transforma,
Transbordando sem fim, sem olhar pro lado.
O amor sorri na fidelidade do sol que sempre vem,
Vibra na água que movimenta,
Baloiça o barco -
E o vento soçobrando.
É tudo o que atesta certeza e paciência,
Não é o que atropela ou atrapalha -
Como fogo de palha.
É cada estrela persistindo serviço,
Cada coração sabendo com a mente a alegria,
O lugar de ser neste mundo,
A harmonia de levar doce paz ao que não vibra.






AMADEUS