sábado, 29 de outubro de 2016

Poeira

Limpar a poeira debaixo do tapete, 
do topete, do "tô puto", do potente.
Pra que tudo fique limpo
É preciso que se tente
Sempre estar se faxinando,
Sem acúmulo no que sente.




Ramir Aldukr

Centauro de Ouro



Quirón, pisa no terreiro e não aponta a flecha pro aéreo. 
Quimera metade homem, meio cavalo, arqueiro das estrelas.
Bruto e leve, amálgama misteriosa que habita os planos.
Não viaje no espaço sideral enquanto teus cascos sapateiam no aqui-agora.
Mira tua flecha pra baixo, Centauro de Ouro,
teu alvo é o solo que te abriga o trote.
Quirón, usa teu fogo e tua pressa como combustíveis do ser buscando,
não como explosão de gás que detona as conexões.
Sua flecha passeia dupla, mas seja uno com o teu propósito.
Não relinche, pois sua boca é da palavra do Homem,
apenas corra, para alcançar o que equestre se impulsiona.


Olavo Brimeji





quinta-feira, 27 de outubro de 2016

Amarante




Me rasgaram os pés.
Fui caducando, claudicante,
Deixando pistas pelo solo.
Perdendo quilos de tanta apatia,
Patinando sem parecer sair do lugar.

Estabanado, com os pés em dança,
Cantando ais no ritmo da música.

Na festa de São Gonçalo de Amarante,
Pagando penitência
Enquanto uns só me viam bailar.



Beato Maranias