segunda-feira, 6 de março de 2017

Gruta




Pinga estalactite,
O vidro em séculos derrete,
O continente se racha e viaja centímetros.
O cometa traçante
Pro universo não está se movendo:
É um ponto viajando lento,

Um risco mapeando o espaço infinito.
Lá no céu não tem som,
Só o om, só o Um, vibração.
Fenecer tantos corpos,
Haja tempo, como andamos.
Mas para o tempo, só poeira,
Mais do Todo.
Cada segundo de cada existência de cada ser,
Pó e vida.
Átomo e Terra,
Meras células de um mesmo deus,
A grande tela que a tudo une.


Ganha estalagmite,
O bóson se adensa,
Os terremotos criam novos relevos.
A Terra girando e nós todos parados.
Aquela paisagem que viu tanto sol a morrer
Tem a paciência de se deixar.
Na montanha tem som de vazio,
O espírito do planeta meditando,
O sábio vento lhe visitando,
As estrelas como mapas de nós
- deciframos pó e vida.
Tudo cintila e é múltiplo
Cada coisa faz parte.
O abraço dos mistérios de todos os deuses
Nas caleidoscópicas realidades que temos que desnudar.


AMADEUS

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