quarta-feira, 22 de abril de 2015

PÓS

PÓS



Após banquetes imperiais,
em grandes salões com festanças,
em almoços semanais,
restaurantes sem balanças,
empregados, escravos ou serviçais,
depois do encher das panças;
sabão, água, bucha por trás
de toda gula de comilanças.

Tantas e tantas mulheres,
 no aniversário dos filhinhos,
lavam o chão e os talheres -
do tapete tiram os docinhos.
Louças, garfos e colheres
na esponja deslizam aos carinhos...

Depois das áreas de lazer
há sempre áreas de serviço,
sempre depois do prazer,
quem que manda e o submisso,
responsável do afazer,
em mansões ou no cortiço,
alguém que está pra fazer
o que o sempre está omisso.
Trabalhador do dever
ou escravo do compromisso.

Entra século, sai século,
entre anos, entre os panos
que se caem sobre os atos,
sempre há alguém nas cozinhas
com bicas e panos de pratos
a lidar com o pós das festas,
limpando os pós dos fatos.


Marcelo Asth

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