segunda-feira, 15 de julho de 2019

Sonhos

Cuspo meus sonhos,
não preciso de mais nada.
Abro as pernas pro delírio
e dedico-me a morrer consciente.


Cubro meus olhos com terra
pra que se acostumem ao frio
e fruo todo o poente 

para a madrugada raiar feitiços.
Espero o feto de meu destino
e sigo criando pernas,
me enfeitiçando a cumprir minha espera.


Que navios pegarei no meio do mar?
Morro a cada âncora lançada
e crio asas para que eu saiba escapar da morte.
Assim vou jogando o jogo,
cantando meus angelus,
quebrando vidraças,
mudando minhas máscaras,
morando nas ruas,

perdendo-me em olhos.

Faço cada esquina 

um álbum de recordações 
e depois queimo
com a chama da videterna.

Cuspo para cima 
em meu passado morto -
que é um prato que me comeu vivo.


Deixo o silêncio às minhocas de minha morte,
por enquanto faço barulho.
Exalto com cores pra que me destaque
da cinza polifonia que ameaça o planeta.

O novo que irrompe o golpe do tempo
requer coragem

e à margem do centro
sigo como posso.

Ardendo em calor na carne,
fringindo frio nos ossos.

Engulo meus sonhos
comprimidos de delírio
e sinto precisar do todo.
Fecho minhas pernas para caber por aí
e durmo sabendo onírico pouso. 

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