terça-feira, 18 de julho de 2017

Feitiço

Cospe teus sonhos,
Não precisas de mais nada.
Abre tuas pernas pro delírio
E dedica-te a morrer consciente.
Cobre teus olhos com terra
Pra que eles se acostumem ao frio
E frui todo o poente para a madrugada raiar feitiços.
Espera o feto de teu destino
E segue criando pernas,
Enfeitiçando-te para cumprir tua espera.
Que navios pegarás no meio do mar?
Morre a cada âncora lançada
E cria asas para que saibas escapar da morte.
Assim vais jogando o jogo,
Cantando teus angelus,
Quebrando vidraças,
Mudando tuas máscaras,
Morando nas ruas.
Faze de cada esquina um álbum de recordações e depois queima
Com a chama da vida eterna.
Cospe em teu passado morto,
Que é um prato que te comeu vivo.
Usa palavras de ordem,
Fala em segunda pessoa,
Sede poeta a cada ritmo que em ti baila
E idolatra teu segundo único,
Sabendo ininterrupta adoração.
Deixa o silêncio às minhocas de tua morte -
Por enquanto faz barulho.
Exalta com cores pra que se destaque
Da cinza polifonia que ameaça o planeta.
O novo que irrompe o golpe do tempo
Requer tanta coragem
que nem sabes se a tens ao certo:
Mas vais no que pode,
canta,
explode,
corrói.
E ama.

Nenhum comentário:

Postar um comentário