segunda-feira, 5 de junho de 2017

Asas



Nem toda lua se foi feita pra sonhar -
A liberdade não é se voar assim.
Pois muita coisa se traveste de emoção
E de ilusão já muitas asas se fizeram. 
Veremos Ícaro eternamente se tentar 
Em todos nós ele buscando um sol distante - 
Enquanto dentro há estrela mais brilhante 
E essa lua que mentiu todo o instante...

É um espelho: tem cautela com o reflexo.
Pode se ver tão nu e nítido em excesso
Que é melhor bater no sol, queimar em brasa, 
Quedando duro nos rochedos de uma praia. 
Espelho e imagem, sombra e luz, tudo é um giro... 
O que te instiga a pensar que é liberdade? 
Tonteia aquele que na noite constrói asas, 
Se debatendo sem romper tetos de casas. 
Sempre há lembrança, carta, música e suspiro 
Pois de detalhes é que fazem vidros frios. 
Desfaz-se em cacos na boba mão que se afrouxa 
Se corta toda nos lembrando que há sangue. 

É meia noite meio dia, não importa. 
Bati a porta da esperança que não vinha. 
Dei meus soluços por saber-me escangalhado 
E você fez carinho em monstros de pelúcia. 
Roguei ao céu já me firmando em farto inferno,
Em ferro quente aquela brasa marcou tempo,
Bati de frente com os lobos que não uivam, 
Bebi do poço uma água verminosa. 

Ai que quedaram todos sonhos de mentira! 
Como reboco caem astros, fantasias. 
Um pesadelo mandou carta e desalento 
Porque um dia teu poema num momento 
Sonhou a cera derretida de suas asas. 

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