terça-feira, 6 de dezembro de 2016

OCULTO



Bati três vezes no toco,

no oco das coisas minhas.
Chamei no poder do fogo
os mestres das entrelinhas.

Segui por toda a vida

com meus olhos vendo tudo,
sem ver a letra invisível
escrita no papel mudo.

Fechei os livros dos outros,

mudei meu foco de estudo.
Bati três vezes no toco -
por pouco não vejo o mundo.

Por muito não vejo o universo,

meus mares, de tão profundos.
É preciso estar imerso,
imenso a cada segundo.

Meus mestres não dizem tanto,

no entanto, eu ouço muito.
Ouvindo a canção eu canto.
Cantando o segredo, oculto.



Leôncio Orleans

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