segunda-feira, 21 de agosto de 2017

Koitxagnaré



Koitxagnaré! 
- gritou comigo 
Meu próprio eu comendo o umbigo.

Parto o pão o pai o filho 
a mãe a pomba a sombra a santa ,
Faço a festa de refestelança
- Cada órgão tocado dança 
- A música me é gutural. 

Frita queima corta e mata 
Essa fome de viver de luz. 
Sangue bomba estanca tinge 
Finge eterno, o ferro enferruja. 
Suja a pele alva de cordeiro, 
Salva o alvo do próprio coração. 
Saliva com a flecha apontada para a presa, 
Solta e caça o animal na própria pressa da mesa: 
Talheres e pratos copos guardanapos 
- Banquete servido. 

Ser vivido, urrar a dor de nascer-morrer o tempo. 
Venho, sirvo vinho, 
O pão de todo o meu caminho. 
Fermento abunda, 
Cresce-doura-assa. 
Caço a caça. 
Partilho o pã e me sirvo me comendo todo e
Levo tudo, até os cornos, às bocas dos fornos. 
Tempero sem desespero meus dentes fincando quentes 
a carne que geme nascendo nova mente. 

Degluto e irrompo a força 
De comer o próprio divino. 
Arroto o gozo etéreo, 
Enterro no cemitério 
Meu eu passado estéril. 
Digiro e dirijo as fezes 
Fazendo dos meus gases mestres 
O início de um plano terrestre 
Um mundo me nasce celeste de novo. 

Quebrei a minha casca do ovo.

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